Em 2025, a inflação elevada e a taxa de juros mantida próxima a 15% ao ano moldam um cenário desafiador para quem depende de financiamentos de longo prazo. O custo do crédito elevado atinge diretamente famílias, empresas e o setor público, criando um ciclo de consequências econômicas e sociais.
O IPCA deve fechar 2025 em torno de 4,4%, pressionado por reajustes de combustível decorrentes do ICMS, desvalorização cambial e ajustes salariais. Esse quadro alimenta a persistência inflacionária e leva o Banco Central a manter a Selic em um patamar elevado, buscando ancorar expectativas.
Mais de 60% da dívida pública está indexada à taxa de juros de curto prazo, o que torna o governo extremamente sensível a qualquer variação na Selic. Esse endividamento crescente enfraquece a confiança do mercado, refletindo-se em custos de crédito mais altos para toda a economia.
Em um ambiente de inflação acima da meta, os bancos se baseiam tanto na Selic quanto em projeções inflacionárias para definir suas taxas de empréstimos de longo prazo. Em média, um aumento de 1 ponto percentual na Selic eleva as taxas de empréstimo em cerca de 0,7 ponto após quatro meses.
Para que a taxa média de um empréstimo suba efetivamente um ponto percentual, a Selic precisa subir 1,4 ponto percentual, considerando prazos de carência e expectativas de mercado. Por esse motivo, projeções inflacionárias futuras têm peso decisivo na decisão dos bancos ao calibrar spreads bancários.
O endividamento das famílias segue em alta. Com a elevação das taxas de crédito imobiliário e de financiamento de bens duráveis, aumenta o comprometimento financeiro mensal dos lares, elevando o risco de inadimplência.
Segundo dados de 2025, a inadimplência entre financiamentos residenciais cresceu 12% em relação ao ano anterior. Esse movimento reduz a capacidade de consumo e força muitas famílias a renegociarem prazos, juros e garantias em condições menos favoráveis.
Nas empresas, a alta dos juros eleva custos de produção e reduz margens de lucro, principalmente em setores que não conseguem repassar preços. Projetos de pesquisa, inovação e infraestrutura são frequentemente adiados ou cancelados.
Além disso, a taxa mínima de atratividade (TMA) usada para viabilidade de investimentos sobe na mesma proporção da Selic, fazendo com que muitos empreendimentos deixem de ter retorno econômico atrativo.
Mais de 40% do crédito no país é fornecido por programas governamentais, menos sensíveis à Selic. No entanto, esses programas também sofrem com a inflação, uma vez que os orçamentos públicos são pressionados pelos custos de subsídio.
O aumento do crédito público pode aliviar temporariamente o acesso ao financiamento, mas agrava o desequilíbrio fiscal, criando um ciclo vicioso que pode resultar em futuros reajustes de imposto ou corte de gastos essenciais.
O crédito bancário cresceu 11,5% em 2024 e deve superar 12% em 2025, impulsionado pela expansão das fintechs e pelo aumento da renda nominal. Emissões de títulos privados subiram 30% em 2024, demonstrando apetite por financiamento mesmo em juros elevados.
A Formação Bruta de Capital Fixo avançou 9,1% no primeiro trimestre de 2025 sobre o ano anterior, elevando a taxa de investimento a 17,8% do PIB. Contudo, esse ritmo pode ser freado pelo ciclo prolongado de juros altos.
O déficit em conta corrente passou de US$ 22,7 bilhões em 2024 para US$ 40,1 bilhões nos primeiros sete meses de 2025, indicando maior dependência de financiamento externo e maior vulnerabilidade às oscilações dos juros globais.
A elevação do IOF impacta diretamente o custo efetivo total de operações de crédito. No curto prazo, a alíquota maior representa um acréscimo de até 40% no custo de financiamentos e, no longo prazo, encarece projetos que dependem de capital de giro.
Além do IOF, outras tributações setoriais pressionam o custo de operação de instituições financeiras, repassando encargos aos tomadores de empréstimos.
Para os próximos anos, economistas esperam certa convergência inflacionária, mas alertam para o risco fiscal e para a necessidade de reformas estruturais. A consolidação da dívida pública e o controle das contas externas serão fundamentais.
Embora a inflação moderada e a Selic alta representem desafios, a compreensão profunda dessas variáveis e a adoção de estratégias bem definidas podem mitigar riscos. Famílias e empresas que se anteciparem e ajustarem suas finanças estarão mais preparadas para enfrentar o ciclo de juros altos e colher os benefícios de uma economia mais estável no longo prazo.
Referências